Enio Frassetto

Um colecionador de aventuras fotográficas

Nem há como falar de foto paisagem, sem mencionar o nome mais linkado ao assunto na região sul, o do fotógrafo Enio Frassetto, possuidor de um substancial acervo de registros fotográficos, desde a antiga versão em filme, como agora também, na forma digital. As maravilhas da fauna, da flora e de belezas naturais, como paisagens e pontos turísticos de todo Vale do Araranguá e de uma boa parte da Serra Catarinense, formam o portfólio deste apaixonado pela arte de fotografar.

 

Segundo ele, desde criança sentiu apreço pela fotografia, mesmo sem uma influência explícita, fez do seu hobby um vício, o que o faz carregar sua câmera por todo canto. Sua primeira câmera fotográfica, adquirida em 1976, foi um modelo Praktica LB, uma vintage dos anos 60 da alemã Pentacon, e com essa aquisição, saiu a fotografar dentro da sua visão reveladora, cada imagem atraente aos seus olhos, inclusive retratava seus familiares e as festas em família. “Eu guardo todos os filmes, desde o primeiro. Na década de 70, a loja Mazzuco conseguia revelar fotos coloridas somente em São Paulo, assim, precisava esperar até 15 dias para ver o resultado”, complementa Enio.

 

Jacinto machadense, autodidata, além da fotografia, também na profissão de desenhista de projetos para arquitetura, Enio Frassetto, com tantas características artísticas, muita modéstia e peculiar sensibilidade, não demorou em revelar seus talentos e agradar ao público. “Nunca fiz cursos, aprendi através de muita prática e pesquisas. Utilizo os mesmos princípios e técnicas de quando comecei aos 23 anos, e sempre fotografei usando o modo Manual da câmera. Fui me aperfeiçoando até ter mais domínio e execução imediata, antes que perdesse o instante”, manifesta.

 

Sua primeira participação numa exposição foi em 1977, onde resolveu levar três fotos para a 2ª Mostra Livre de Fotografia, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre (RS), este evento o fez experimentar melhor como é a reação e opinião das pessoas ao olharem suas imagens. Entre esta e outras experiências, apesar de poucos recursos, encontrava um jeito de estudar o melhor ajuste de luz, a composição adequada ao objeto fotografado, o enquadramento mais interessante para os seus registros alcançarem o máximo de perfeição.

 

E como uma paixão leva à outra, através da fotografia, Enio descobriu, agora sob outro aspecto, uma forma de eternizar sua contemplação. Em 1986, realizou sua primeira expedição contemplativa à Trilha do Tigre Preto, no interior do Cânion Fortaleza, em Jacinto Machado (SC), por onde foi registrando tudo, em cada detalhe: Gente e seus costumes, bichos em seu habitat, a metamorfose dos insetos, a beleza do colorido das flores e muitos cenários esplendorosos, que para ele, vale o tamanho grau de dificuldade para chegar, muitas vezes, atingíveis somente percorrendo horas a pé, atravessando rios ou rasgando a mata. A partir daí, Enio organiza, periodicamente, expedições e se tornou o guia do turismo ecológico mais requisitado e conhecido da região, primeiro por vocação, depois pelo conhecimento adquirido ao longo de todo esse tempo, e por último por desejar contribuir e dividir essa experiência com outras pessoas interessadas no seu hobby: admirar e registrar o encanto da natureza.

 

Hoje aos 59 anos, sem anseios de ser alguém premiado, o reconhecimento popular lhe basta, segue na direção do ato de contemplar a natureza e gravar este cenário para a eternidade, seu acervo com mais de 30 mil fotos é uma verdadeira enciclopédia da biodiversidade da nossa região.

 

Porquanto a imagem traz a síntese completa do dizer, sem precisar de explicações, Enio Frassetto permanece quase 40 anos, mostrando esta força da óptica, por céu, ou por terra, de carro ou a pé, ele clica dos lugares mais inesperados, permitindo ao interlocutor conhecer o voo suave das gaivotas; o grito e esconderijo da corucaca pelas serras; o rio Araranguá em seus diversos tons; os pescadores de Ilhas; as capivaras do Lago Dourado; os insetos e plantas mais exóticas e o foco mais comum de suas andanças, as perturbadoras formações rochosas nos Cânions dos Aparados da Serra. São cliques, capaz de trazer na revelação todo emaranhado das leituras, músicas e sentimentos deste fotógrafo com uma mira que transita, livremente, da perfeição à rusticidade.

 

Por Elisa Gabriela Slovinski - da Sul Fashion

*Uma publicação da ed.43º da Revista Sul Fashion (de maio/13).  

Veja também