“O Gambito da Rainha”: xadrez e batalha psicológica

A minissérie da Netflix mistura a arte de jogar xadrez e a luta sob um destino poderoso traçado por Elizabeth Harmon


Bem provável que você já tenha escutado falar ou lido em algum lugar sobre a minissérie que tomou o ranking da Netflix nas últimas semana, estamos falando de “O Gambito da Rainha” com direção de Scott Frank e Allan Scott. Série com título revelador para quem é conhecedor dos jogos de xadrez; mas claro, o desfecho da trama liga o real fato com o Gambito da Rainha.

Uma minissérie que passa-se entre os anos 50 e 70 e conta a história de Elizabeth Harmon, uma jovem órfã de 9 anos, que descobre o talento em jogar xadrez. Sua genialidade é imensurável durante toda a temporada, mostrando os lados mais profundos de sua mente para ir em busca de jogadas espetaculares que a tornaram uma das maiores enxadristas do mundo.

O que é mais relevante em meio ao drama baseado no livro de Walter Tevis, cujo leva o mesmo nome da minissérie, O Gambito da Rainha, foi a relação de seus vícios e problemas sentimentais. A história aprofunda-se extremamente nas questões psicológicas da vida de “Beth”, desde sua infância até a vida adulta, boa parte dessas questões vindas do passado em que trouxe. Ponto que mostra como nosso cérebro reage em acordo com o físico e como o psicológico é extremamente bagunçado quando junta-se aos propósitos e talentos. O álcool foi um grande propulsor de fracassos e claro, o escape mais provável de seus problemas. O vício a levou até escolhas muito intrigantes, delírios e declínios sentimentais, onde a personagem teve que aprender a lidar com as pequenas perdas, para que tivesse a capacidade de suportar as maiores. Não que tenha suportado tão bem, mas ela aprendeu de formas dolorosas como jogar o real jogo da vida.

A competitividade foi um grande avanço em seu medo de errar, onde ela demonstra as mágoas do passado e coloca enorme pressão psicológica em si própria. A batalha com “demônios” que a assombram são agoniantes, desvendados através de seu olhar penetrante e empoderado, que a atriz Anya Taylor-Joy (Elizabeth Harmon) entregou à minissérie. “Demônios” também ressaltados nas vidas de suas mães biológica e adotiva, com histórias bem diferentes, mas com locuções sentimentais bem definidas e que como, Elizabeth, às levaram para destinos nada amistosos. “Beth” diz em uma das cenas que, o xadrez é um mundo onde ela pode controlar e por isso se dão tão bem.

O machismo é muito claro naquela época, e a sua independência e empoderamento atrai olhares de todos o gêneros com bastante estranheza e logo mais, muita admiração conquistada com a garra e coragem que a personagem travou durante a trama. Elizabeth jogava em um mundo basicamente masculinizado, cujo a levou para uma guerra de espaço ainda maior, obviamente, vencida com a maestria de um verdadeiro enxadrista. 

“O Gambito da Rainha” nos prova como podemos sabotar nossa mente e futuro, ele deixa claro que o nosso psicológico é a base da saúde física e que não podemos nos deixar abalar por derrotas acumuladas, mas que devemos lutar contra elas e que temos o direito de tomar segundas chances para alcançar um objetivo e uma caminhada onde o passado só faz parte do passado. Perdas vem a todo momento, vitórias nós conquistamos e é para isso que estamos aqui, para juntar forças e ir em busca daquilo que nos faz bem e que é parte de quem somos de verdade.

Autor: Lucas de Bem Fernandes
Imagens: Netflix / Divulgação

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