Seis motivos para fazer um intercâmbio

E nenhum deles é estudar inglês!

Recentemente, concluí um intercâmbio de três meses em Vancouver, no Canadá. Esse era um sonho antigo, que só se materializou no alto dos meus 32 anos. Enfrentava uma fase difícil na vida pessoal e quis me dar ao direito de um período sabático. Temia ficar deslocada no meio de adolescentes, mas a minha primeira descoberta foi que só uma minoria busca um intercâmbio efetivamente por causa do aprimoramento em algum idioma. Grande parte dos aventureiros, assim como eu, estava em busca de algo muito mais profundo, uma coisa que só acontece efetivamente quando se passa dos 25, 30 anos. Foram tantas descobertas que resolvi compartilhar aqui tudo o que eu ganhei com essa experiência.

Integrar-se com o novo: Fiquei em casa de família, as famosas acomodações para intercambistas que permitem uma maior integração com a cultura local. Para minha surpresa, a família que me hospedou era filipina e não canadense. O Canadá é um país que recebe estrangeiros do mundo todo e a diversidade cultural é gigantesca. Logo me vi com um pai, mãe e dois irmãos mais novos. Como meu nível de inglês não era dos melhores, sofri bastante até entender as regras da casa. Como uma adolescente, vivia levando broncas por coisas insignificantes para quem tem a própria casa já há tanto tempo. Não tem como não amadurecer numa situação dessas.

Encontrar-se consigo mesmo: Resolvi então aproveitar a dificuldade para me comunicar para criar um casulo dentro do meu quarto. Passei horas e horas apenas com meus pensamentos. Nada de Netflix, trabalho ou livros. Eu queria ficar ociosa, promovendo um encontro comigo mesma. Descobri muitas coisas importantes sobre mim nesses exercícios de autoconhecimento. Aprendi que não há companhia melhor que a minha e que, por mais que nós sempre precisemos dos outros, podemos fazer coisas incríveis sozinhos, como sair sem destino por um lugar desconhecido. O frio na barriga é recompensado pelas belas paisagens e pela sensação de superação.

Testar seus limites e sua resiliência: Logo, a quantidade excessiva de regras me fez ver a importância de testar meus próprios limites e principalmente a minha capacidade de me adaptar. Eu tinha hora certa para comer, tomar banho e até para chegar em casa. Por vezes, me senti no serviço militar, sendo obrigada a comer o que me colocavam na mesa, na hora que colocavam. A comida não era ruim, mas depois de dois meses o tempero filipino me enjoou de tão forma que eu mal podia sentir o cheiro. Era hora de continuar minha jornada em outro lugar. Fui morar com uma amiga brasileira e engordei um quilo logo na primeira semana! A saudade de alho e sal, arroz e feijão, pão com manteiga, era tão grande que eu comia muito mais do que realmente precisava.

Tornar-se mais criativo: Com mais flexibilidade e liberdade, passei a sair mais. Fui conhecendo brasileiros que moram no Canadá há muito tempo e tive a oportunidade de conhecer a cultura mais de perto. Vi coisas muito interessantes, como o fato de as lixeiras serem protegidas contra o ataque de ursos famintos (sim, o Canadá é o país dos ursos, embora eu tenha ficado frustrada por não ter visto nenhum...), descobrir que as árvores são numeradas numa trilha para que, em caso de desvio, você ligue para o socorro e dê a sua exata localização para o resgate. Vi também coisas simples, mas que fazem muita diferença, como uma caixa com saquinhos para limpar a sujeira do seu cachorro durante um passeio, semáforos com sinais sonoros para deficientes visuais e até um degrau para pessoas com baixa estatura conseguirem usar a torneira de um banheiro público. Todas essas coisas me deixaram mais criativa. Afinal, as ideias não surgem do nada, elas quase sempre são adjacentes de algo que você viu em algum lugar.

Rir de si mesmo e dos outros: Para completar, não conseguiria mensurar a quantidade de crises de risos compulsivos que tive durante esse período. São inúmeras as situações em que você passa apertado por não saber pagar o ônibus, comprar alguma coisa ou pedir algo num restaurante. E o bom é que você não ri só das suas trapalhadas. Ri das dos colegas também. Uma amiga conheceu um canadense e eles curtiram a companhia um do outro. Mas, ele simplesmente não a procurou mais. Chateada, uma semana depois ela mandou uma mensagem desejando sucesso. Surpreso, ele respondeu que tinha adorado receber o contato dela, principalmente depois de ela ter dito que não o queria ver mais... Sim, ela se atrapalhou com o idioma e acabou dizendo o que não queria. Uma outra, foi viajar e teve que dividir uma cama de casal com uma coreana que não conhecia. Soltou um “nice to meet you” (prazer em conhecer) e se jogou na cama.

Conviver com pessoas de diferentes nacionalidades: Por fim, talvez a maior de todas as riquezas de uma experiência como essa. Conheci gente da Coreia, Japão, China, Panamá, Equador, Colômbia, México, Índia, Estados Unidos e tantos outros que já nem me lembro mais. Além do inglês, a gente se atrevia a aprender palavras em todas as outras línguas, assim como experimentar suas comidas típicas. Acho que meu cardápio mais excêntrico foi um besouro super crocante! Mais gostoso do que eu poderia imaginar... Teve também comida japonesa, chinesa, grega, italiana e a filipina, lógico! O resultado dessa mistura é que hoje tenho colegas espalhados pelo mundo todo e graças à tecnologia, poderei manter contato com eles.

Todos esses aprendizados me fizeram ver que a última coisa a se fazer num intercâmbio é realmente estudar. Embora você passe cinco horas numa sala de aula, os ensinamentos que se tem fora são muito mais enriquecedores. É evidente que o meu nível de inglês melhorou muito, o que também me deixa muito feliz. É ótimo conseguir comprar o que se deseja sem grandes transtornos ou pedir uma informação e realmente entender o que está sendo dito. Lógico que não foi tempo suficiente para sair dando palestras por aí, mas a melhora foi significativa. Bom mesmo é quando você sonha em inglês, se pega sofrendo para formular uma frase e se lembra que o outro é brasileiro, ou ainda, quando fecha o curso com a melhor nota da sala - sendo que ela era composta em 90% por orientais (Yes, we can!). Então, se o seu objetivo é melhorar o idioma, vá em frente. Se não for, viva essa experiência assim mesmo. Vale a pena cada minuto e cada centavo investido. Eis aqui a sugestão de uma intercambista!

Marília Cardoso é jornalista e intercambista pela Global Study.

Sobre a Global Study:

www.globalstudy.com.br 

A Global Study tem como missão democratizar o acesso ao intercâmbio, oferecendo vários destinos com pacotes que incluem passagem aérea, acomodação, escola e, às vezes, até um emprego no país de destino. Com operação desde 2007, a rede possui 13 agências no Brasil e parceria com as melhores escolas em mais de 14 países, entre eles Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Irlanda, Estados Unidos e Inglaterra. A franquia custa entre R$ 80 e R$ 100 mil.

Release: Janaina Almeida / InformaMídia Comunicação

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