Viviane Candiotto
Qual menina não sonhou um dia se tornar uma bailarina? E quem não se encanta ao ver a bailarina rodopiar na ponta dos pés? Como é que conseguem? Essas são sempre as perguntas.
A morena esguia, 1,56m de altura, 52 kg, cintura definida e postura invejável, sabe muito bem estas respostas, pois vive a carreira brilhante de bailarina, conquistando o carinho e admiração da plateia, desde os 12 anos de vida. Esta é Viviane Maria Candiotto, 43 anos, moradora de Criciúma há 18 anos, uma profissional que serve como exemplo de fidelidade à arte de dançar, pois demonstra sua entrega total em cada espetáculo. Tanto esmero lhe rendeu diversos prêmios em festivais nacionais e mundiais, e atualmente dedica-se a ensinar sua arte na Escola de Dança Viviane Candiotto e à Companhia de Dança da UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense, onde é coreógrafa.
Esta dedicação bem ensaiada não é à toa. Com mãe pianista e pai professor, cresceu consumindo música, dia e noite. “Fui uma menina muito ‘sapeca’, e minha mãe na intenção de que eu melhorasse meu comportamento, me colocou no balé quando eu tinha 6 anos. Meu primeiro contato foi de perfeito encanto, porque nasci ouvindo os alunos de mamãe tocando piano. Lembro-me de acordar com ela cantarolando, enquanto seus alunos tocavam os exercícios repassados. Quando os músicos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA - ensaiavam lá em casa, eu ficava na sala dançando e fazia a minha melhor amiga assistir e aplaudir, como se fosse o público. Hoje, não sei dizer se gosto mais da música ou da dança. Acredito que o balé é a minha missão divina, minha forma de oração. O balé me faz feliz, me salva da parte complicada da vida. Por outro lado, manter a disciplina para este estilo me fortalece para encarar os desafios”, explica a gaúcha, graduada em Educação Física, em Dança Clássica e Ballet Clássico pelo Balé Studio de Porto Alegre-RS.
Mais do que incentivo paternal, Viviane estava pré-destinada a atuar e encantar nos palcos. Um dom enraizado que viria a se ascender mais dia, menos dia. “Minha mãe, Neuza Terezinha. C. Candiotto e meu pai, Ildo Luiz Candiotto (in memoriam), foram meus grandes inspiradores. Minha mãe é uma artista nata, me ensinou a gostar da arte, fez com que eu estudasse piano, teoria e solfejo no Instituto Musical Verdi (Porto Alegre). Eu e minha irmã tínhamos certa obrigação em estudar algum movimento artístico, pois crescemos observando a orquestra sinfônica afinar os instrumentos, os figurinos a serem utilizados, aquilo tudo era um paraíso para mim. Meu pai foi um grande professor, dava aulas de cálculo para o último ano de engenharia na PUC – RS, foi pró-reitor também, então, quando não estávamos no teatro com minha mãe, estávamos no prédio da reitoria, e isto serviu de modelo para que eu também transmitisse o meu conhecimento à alunos”, discorre Viviane.
Na intenção de aprimorar a respiração, o equilíbrio e o giro de bailarina, especializou-se em Yoga integral pela Purna Ashram do Brasil e Fisiologia do Exercício pela Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina.
Sua técnica de coreografar a fez se destacar no mundo da dança. Recebeu prêmios em diversos concursos: na Bento em Dança (Bento Gonçalves – RS), Porto Alegre em Dança, Festival de Joinville, Mery Rosa em Itajaí; primeiro lugar no Concurso de Casais do 3º Festival Internacional de Danças Folclóricas e Urbanas de SC(em 2011), além de participações em congressos internacionais.
Com rigidez nos treinos e intensa entrega no Ballet, Viviane divide o dia atarefado entre a função de mãe, empresária do seu próprio estúdio, professora e coreógrafa, e o resultado final prezado pela qualidade, é uma performance impecável, algumas pessoas aguardam o ano inteiro para assistir ao concerto de final do ano.
“Quando coreografo, começo pela música que me agrada aos ouvidos, ao coração, ao meu sentimento, que tipo de sensação tenho ao ouvi-la. Alguns coreógrafos começam pelo movimento, outros pela ideia que querem transmitir, já eu percebo que a música me passa sensações, fazendo o corpo dançar”, descreve a bailarina.
Mas vida de bailarina não é só glamour. Viviane revela que a rotina de uma dançarina é bastante cansativa e requer muita determinação e disciplina, pois existem as obrigações em manter as qualidades físicas em dia para alcançar um bom resultado, e tudo isso é bem desgastante: “Ensaio também aos sábados e aos domingos, já que bailarino perde seu endehors (rotação externa no quadril) em apenas 1 dia sem treino, portanto, se descanso no domingo, todo mundo fica nervoso. Após cada apresentação, sinto-me como se um ‘caminhão’ passasse por cima do meu corpo. Fico em estado de letargia, quando as cortinas se fecham, parece que estou sem energia”, finaliza.
Aos 43 anos, Viviane assume que já se sentiu fora de órbita, porém comemora como conseguiu por diversos momentos se superar artisticamente, uma vez que é necessária a concentração acima de qualquer indisposição, seu alto astral deve estar em sintonia com o movimento do corpo.
A ansiedade, diz a bailarina, só termina depois do último passo. De batom vermelho, olhar alinhado ao seu par, com muita concentração e profissionalismo, acredita estar todo dia colaborando para engrandecer a arte na dança.
Por Elisa Gabriela Slovinski - da Sul Fashion
*Uma publicação da ed.43º da Revista Sul Fashion (de maio/13).