Alerta de Saúde
Quando se fala em Doença do Refluxo, a primeira coisa que vem à mente é a azia. Mas ela pode ser só a ponta do iceberg. Os casos de câncer decorrentes desta doença têm aumentado, mas o risco pode ser minimizado com medidas apropriadas, que, infelizmente, têm sido menosprezadas.
Os dois erros mais frequentes são basear o tratamento apenas na presença ou não de sintomas e fazer uso contínuo de medicação antiácida sem qualquer controle ou acompanhamento médico especializado. A Doença do Refluxo é basicamente decorrente de um defeito mecânico. O acido fabricado no estômago reflui para o esôfago, por assim dizer, “anda” para trás, como se o estomago fosse uma jarra com a tampa frouxa.
Acontece, no entanto, que nenhum órgão, exceto o estomago, foi projetado para resistir à ação do ácido clorídrico. O efeito mais conhecido do ataque ácido no esôfago é a dor ou a azia, que é sinônimo de dor em queimação. O que é pouco divulgado é que a presença constante de ácido no esôfago ao longo de décadas pode provocar mutações nas células com o consequente aparecimento de um tipo especial de câncer gástrico chamado adenocarcinoma juncional, o qual se comporta como se fosse um tumor do esôfago, pois situa-se no final dele, mas sua origem é de células da junção gástrica ( por isso o nome, juncional) . Outros fatores podem contribuir para o câncer, como a genética, o fumo e o álcool.
Como acontece com todas as formas de câncer, o diagnostico deve ser o mais precoce possível, mas, ainda assim, este tipo de câncer é muito agressivo e sua cura muito difícil.
No cotidiano, vemos pacientes usando omeprezol ou similar há anos, sem nunca ter feito uma consulta especializada e nem mesmo uma endoscopia (que hoje é bem fácil de fazer). A maioria desses pacientes é dependente de remédio e mesmo assim muitos tem azia eventual. Na verdade, sentir-se bem não é garantia de que tudo vai bem. É muito importante que o paciente passe por uma consulta especializada para que seu caso seja visto de modo individualizado e seja minuciosamente estudado. Conhecer a fundo o paciente e sua doença é o único caminho possível para se traçar uma estratégia de tratamento que tenha sucesso. O tratamento da Doença do Refluxo não é tão simples quanto parece, envolve outras medidas, além de remédios, deve ser sempre personalizado, deve buscar a prevenção do câncer e requer acompanhamento frequente. O Gastroenterologista precisa conhecer não apenas a doença do seu paciente, mas como ela se comporta ao longo do tempo. Somente assim, decisões corretas poderão ser tomadas, inclusive indicação de cirurgia.
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Dr. Luiz Carlos Sette
Especialista de Gastroenterologia
Gastroclin
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Centro Empresarial Francisco Jorge de Bem
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