Autismo, compreender para melhor conviver
Beatriz Costa e Enzo Maciel Matos fazem parte de um universo de quase dois milhões de pessoas no Brasil com o autismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo é afetada pelo Transtorno do Espectro Autista- TEA. Hoje, dia 2 de Abril é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Esse dia foi instituído com o objetivo de informar a população sobre um transtorno que tem como principais características a dificuldade para interagir socialmente, a deficiência na comunicação, hábitos e movimentos repetitivos e interesses restritos.
Em Araranguá, a associação Autismo Araranguá, havia planejado uma série de ações e palestras durante uma semana inteira com a finalidade de levar mais informações, capacitações, vivências e compreensão a acerca do assunto para que todos possam conviver de uma forma mais harmônica e natural , porém , com a pandemia, as atividades presenciais foram canceladas, entretanto, ela segue por meio das redes sociais, sites de apoio, empresas e imprensa com a campanha "Onda Azul" (Decoração, perfis de Instagram, Facebook e sites pessoais, com temas abordando o autismo). Assista o vídeo abaixo do presidente da entidade, Luís Vicente Costa, pai da menina Giovana.
Luís Vicente acrescenta ainda, “a maior dificuldade nesse momento, é seguir com a estimulação e auxilio em suas evoluções, porém com recursos de extrema simplicidade, isso é possível! O papel dos pais e responsáveis neste processo é fundamental, procure sempre conversar com os terapeutas que realizam atendimentos em seus filhos, a fim de seguir suas orientações e promover um reforço das atividades em casa! Aqueles 15 minutos, além de ajudar seu filho, irá trazer maior afetividade, proximidade e reforçar a relação de confiança e amor.”
Em Santa Catarina, os Autistas já tem uma lei específica que instituiu a Carteirinha de identificação do Autista cujo lançamento oficial aconteceu no mês de fevereiro, e a Associação Autismo Araranguá esteve presente com uma de suas associadas recebendo junto a outros 3 autistas, as primeiras carteirinha emitidas, representando todos os autistas e famílias do Estado.
Você sabe o que é o autismo e suas características? Entenda
Denominado Transtorno do Espectro Autista (TEA), o quadro do autismo infantil engloba uma série de aspectos do desenvolvimento infantil que se manifestam em maior ou menor grau de acometimento – e, por isso, utiliza-se a noção de espectro. O diagnóstico de TEA passou a englobar três quadros clínicos principais:
1. Autismo clássico
Aquele tipo mais conhecido, em que há um comprometimento nas áreas de interação, comportamento e linguagem, além de relevante déficit cognitivo.
2. Autismo de Alto funcionamento (Síndrome de Asperger)
Os portadores conseguem se expressar através da fala e são muito inteligentes, acima da média da população.
3. Distúrbio Global do Desenvolvimento
Tem características do TEA, como alteração de interação e comportamento, mas não há um diagnóstico fechado.
As principais alterações nas crianças com TEA são:
– Interação social: Ausência ou baixa frequência de contato visual, sem interação espontânea com adultos e crianças;
– Comportamento: Repetitivo, estereotipado (dar pulos, chacoalhar as mãos ou sem balançar). Ter interesse restrito em temas e brinquedos específicos.
– Linguagem: Ausência ou atraso significativo do desenvolvimento de linguagem oral (compreensão e expressão) e alteração em diversas habilidades linguísticas.
Qual é a idade ideal para o diagnóstico?
O fundamental é que o diagnóstico do autismo seja feito antes dos três anos de idade. Em nenhuma outra época da vida nosso cérebro é tão plástico como nesse período inicial. Portanto, se a criança nascer com predisposições adaptativas desfavoráveis, esses primeiros três anos constituem o melhor momento para se tentar resolver suas dificuldades. Os especialistas confirmam que é desse modo que se obtêm os melhores resultados terapêuticos.
Quais são os mitos comuns sobre o autismo?
Há alguns mitos em relação ao autismo que precisam ser desfeitos. São eles: a falta de emoção, a agressividade, o retardo ou a genialidade e o balanço, ou seja, o mito de que todos os autistas rodam pratos ou balançam-se para frente e para trás continuamente. A realidade é que não existe um padrão fixo para todos os autistas. No entanto, a falta de informações confiáveis faz com que os pais neguem o autismo quando não veem esses estereótipos nos seus filhos. É preciso aceitar o quanto antes a doença para que, encarada de frente, possa ser combatida e superada.
O papel da família
Tanto a família como um todo, quanto a escola e o ambiente de convívio da criança têm papel fundamental no acompanhamento e tratamento de pequenos com autismo. No entanto, o que não podemos negar é o papel de destaque que os irmãos têm na vida dos autistas e como são essenciais para a melhora deles em todos os sentidos.