Coleta Seletiva: Um serviço prestes a virar realidade em todo o Brasil

Municípios terão de implementar o sistema até 2012 e dar destino correto a cada tipo de material descartado. Araranguá já dá os primeiros passos para este proce

O lixo produzido diariamente nas cidades do país não recebe o tratamento adequado. O Brasil produz cerca de 115 mil toneladas diárias e recicla menos de 5% do montante total (fonte: site ReciclaParaná). Esta realidade é o reflexo do consumo desenfreado e a falta de conscientização ambiental.

 

A maior parte da quantidade deste lixo é enviada para aterros localizados em cidades vizinhas do município de origem, devido ao alto custo de manutenção do local. Nesses lugares, materiais recicláveis são enterrados, e as administrações municipais perdem a oportunidade de cuidar bem do meio ambiente e sócio-economicamente, gerar renda para a comunidade nas localidades onde atuam.

 

Entretanto, este fato tende a mudar com a obrigatoriedade da Lei 12.305/2010, de quando Luis Inácio Lula da Silva ainda era presidente do país. A determinação, entre outras obrigações e deveres, aponta que as prefeituras implementam a coleta seletiva para que o lixo seja separado corretamente e possa ser reaproveitado.

 

No Sul de Santa Catarina, alguns municípios estão engajados na realização de medidas para dar início à coleta seletiva ou ainda ter resultados mais promissores tanto para a conservação da natureza quanto à vida dos seres humanos. Araranguá, por exemplo, transformará escolas estaduais, municipais e particulares em pontos de arrecadação de lixo reciclável. Para que a ação tenha êxito, a secretaria de meio ambiente criará grupos nos estabelecimentos de ensino para promover a consciência ecológica.

 

Os locais de arrecadação inicialmente serão o Colégio Murialdo; na Vila São José; na Escola Básica Maria Garcia Pessi, no bairro Cidade Alta, Escola Básica Jardim das Avenidas- Caic, no Jardim das Avenidas, e no  Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), no bairro Aeroporto.

 

Para a coleta seletiva realmente vingar, o secretário de agricultura e meio ambiente, Rogério Pessi, adianta que os primeiros passos dados e a observação dos resultados do projeto é o ponto de partida para o avanço do serviço em Araranguá. O esclarecimento de como é realizado o sistema de coleta, além de formas de reaproveitamento de restos orgânicos, como cascas de frutas, por exemplo, são ações a serem postas em prática ainda no começo de junho.

 

Conscientização é a mola propulsora do sucesso da coleta

Cidade à frente de ideias pró - meio ambiente, o município de Maracajá está reativando a coleta seletiva. Na verdade, o serviço existe desde 2004, mas com o passar do tempo, a comunidade descuidou com a coleta, minimizando o potencial sócio-ambiental do serviço e trazendo também prejuízos econômicos, já que o sistema tem gerado mais gastos do que receitas, segundo o secretário do meio ambiente e turismo, Geraldo Leandro. A cooperativa até recebe o lixo, mas cerca de 70 a 80% vai para o aterro da Santec, em Içara.

 

“A prefeitura tem um gasto elevado com o serviço; o preço pago por energia, caminhão e transporte não compensa as despesas. A conscientização, porém, trará benefícios às futuras gerações e à economia local”, destaca.

 

A professora de educação ambiental, Odécia Almeida de Souza, conta que a mobilização das pessoas em prol da coleta seletiva reduziu, dai então, a idéia de chamar à consciência ambiental do sistema por meio do Projeto de Reativação da Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos - Uma Questão de Educação Ambiental. A iniciativa foi selecionada entre cinco projetos na disputa pelo convênio com o Ministério Público.

 

“O objetivo é a economia dos recursos naturais renováveis (sol, vento, calor da terra) e não - renováveis (carvão e petróleo). Atualmente, a equipe que trabalha na coleta sofre, porque quando abre os sacos vê o lixo todo misturado. Para estimular a criação da consciência ecológica, vamos passar nas escolas e empresas, para sensibilizar as pessoas; além do benefício ambiental, há o fator econômico: quanto mais a pessoas separam, mais a gente venderá e aumentará o lucro. E faremos paradas ecológicas com entrega de folders no município”, conta a docente.

 

Cooperar é a potencial administradora da coleta em Araranguá

A idéia, segundo o secretário de meio ambiente e agricultura, Rogério Pessi, é firmar a parceria com a Cooperativa de Trabalho e Produção dos Recicladores de Araranguá (Cooperar) para que esta organize a coleta. O aumento da renda dos catadores e a possibilidade futura de novos empregos, devido à necessidade natural de mão-de-obra,é um outro aspecto muito importante e motivo para a cooperativa animar-se com a parceria.

 

De acordo com a ex-presidente da Cooperar, Marilda dos Santos Cardoso, o projeto facilitará o trabalho dos coletores com o transporte dos resíduos sólidos ao galpão da instituição e aproximará Araranguá à realidade das cooperativas de catadores de Santa Catarina. As organizações, em geral, recebem das próprias prefeituras a matéria-prima do trabalho.

 

“A parceria é uma evolução boa; o material vem em dobro e com mais trabalho, o número de pessoas deverá aumentar também. Os catadores não precisarão ir atrás do material e quando uma cooperativa como a nossa é criada tem-se a idéia de agregar os catadores, retirá-los das ruas. O projeto, então, é algo ótimo”, ressalta.

 

Além do benefício econômico à Cooperar,  o município reduzirá o gasto no pagamento feito à Santec para dar destino ao lixo. “A nossa meta é reduzir 1% de 27, 37 toneladas produzidas diariamente, o equivalente a 273,7 Kg do total do montante produzido; ecologicamente será muito bom para a cidade que investirá em caminhão para levar à cooperativa os recicláveis e ainda economizaremos nas taxas pagas para enterrar o lixo”, salienta o secretário

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