Ecobags: Sustentabilidade e Consciência Ambiental no combate ao consumo desenfreado

Uso de sacolas retornáveis e biodegradáveis  aponta para uma nova postura mais consciente e preocupada com o futuro

O capitalismo trouxe vantagens que se tornaram indispensáveis para as pessoas, tais como os produtos industrializados à venda. Entretanto, o estilo de vida que vem para facilitar a rotina movimentada da população que trabalha, estuda, cuida da família e vive com cada vez menos tempo, traz complicações sérias ao meio ambiente.

 

Em decorrência da produção dos bens de consumo, o acúmulo de lixo, especialmente o plástico, acaba sendo inevitável, comprometendo a beleza dos rios, a fertilidade da terra e o habitat natural de animais e plantas, conduzindo, muitas vezes, estes seres à extinção.

 

Só a produção em excesso de plástico, já representa um grande problema para a sociedade. A falta do depósito correto desses itens no meio ambiente, segundo informações retiradas da reportagem do site do jornal NotiSul, de 2009, aponta o número exacerbado da quantia de lixo gerado no mundo e no Brasil, respectivamente, de 500 bilhões a 1 trilhão, e 15 bilhões por ano.

 

O tempo de decomposição deste item é de 100 a 400 anos, comprometendo a estrutura de lixões e aterros, pois torna o solo destes lugares impermeáveis. Além disso, na ocorrência de enchentes, as sacolas acabam entupindo bueiros. Com plena consciência de que as ações tomadas hoje podem fazer a diferença no futuro, estabelecimentos comerciais e até cidades estão mobilizadas na realização de ações pró-ambientais.

 

Um exemplo dessa nova postura é a distribuição ou venda de sacolas retornáveis em mercados da região sul de Santa Catarina. Um dos locais que já aderiu à essa prática é o supermercados Manentti com suas filiais em Araranguá e Criciúma, onde o desperdício não tem vez, muito menos, a falta de consciência ambiental. A rede de supermercados conta com o Grupo de Prevenção à Perda (GPP), que entre outras responsabilidades, determina uma cota máxima para o uso de sacolas, evitando a circulação de plástico em excesso. A quantidade de sacolas consumidas por clientes, mensalmente, no Manentti de Araranguá é 100 mil. 

 

Frente a um valor expressivo como esse,  medidas como formas diferenciadas para embalar os produtos comprados pela população, como o uso de caixas de papelão, são maneiras de continuar atendendo com responsabilidade ambiental. De acordo com o gerente da filial de Araranguá, Anderson Madeira Goulart, a utilização do plástico no dia a dia, tornou-se um problema, com a falta de consciência e atenção ao ambiente.

 

“Tem pessoas que fazem questão de usar a sacola mesmo quando tem outra opção. Na Europa, se você quer utilizar a bolsa plástica você tem que pagar. Há 20 anos, as pessoas usavam a sacola de lona para ir às compras e, então, veio o plástico e gerou a comodidade!”, relembra. O gerente destaca também que mesmo a sacola retornável tendo um preço acessível, a venda ainda é muito baixa, entre duas a três bolsas por mês.

 

Mesmo não distribuindo unidades de sacolas ecológicas, o Manentti está engajado à causa em prol do meio ambiente, como a participação no evento Abraço Ecológico, realização que ocorrerá nos dias 29 e 30 de julho. No qual o supermercado pretende realizar palestras sobre o trabalho ambiental já executado pelo estabelecimento, como coleta de óleo de cozinha e captação da água da chuva.

 

Em outra rede de supermercado forte, o Giassi, há iniciativas com o intuito de reduzir o impacto da circulação de sacolas, segundo o funcionário do departamento de Marketing/Planejamento da matriz, Vitor Marcelo. "Atualmente trabalhamos em minimizar o uso da sacola plástica, e também incentivamos o uso de sacola retornável, porém sabe-se que essa mudança é gradativa por parte da população. A substituição total depende de vários outros fatores como a força de lei,  por exemplo. Em nossas lojas, sempre que é possível, oferecemos outras opções ao cliente para embalar suas compras”.

 

 

Se a prática de ações voltadas ao meio ambiente não surge de uma postura espontânea, a obrigatoriedade vem suprir a importante lacuna do ativismo ambiental. Em Tubarão, por exemplo, um projeto de lei referente à substituição de sacolas plásticas por bolsas biodegradáveis ou retornáveis foi proposto ao prefeito, que acabou vetando. Entretanto, os vereadores desejam reapresentar novamente ainda neste mandato o projeto.

 

Segundo um dos vereadores envolvidos na iniciativa, João Gonçalves Fernandes (PSDB), a obrigatoriedade estende-se a todos os estabelecimentos comerciais e acompanha a tendência e necessidade ecológicas do mundo todo.

 

“Hoje é mais prático usar a sacola de plástico do que trazer a retornável de volta (nas compras), mas o mundo está voltado para as questões ambientais e o projeto de lei serve para que a cidade esteja preparada para o futuro”, pontua.

 

Atualmente, o lixo produzido pela população de Tubarão vai para o aterro do município. Mesmo ainda sem validade, há estabelecimentos comerciais que já adotaram o sistema de sacolas retornáveis, como o Econolar Supermercado, da rede SuperAzul. “Não distribuíamos as sacolas de pano a todo mundo, só para clientes do bairro. Hoje em dia se cada um fizer sua parte já está bom!”, destaca o gerente proprietário Thales Bressan.

 

Na loja Havan de Tubarão, não há distribuição de sacolas retornáveis, mas existe um posicionamento aparentemente consciente em relação às questões ambientais. Segundo a subgerente Tatiana de Barros, existe um estudo referente ao uso das sacolas ecológicas, mas por enquanto nada relativo ao assunto está sendo executado.  “Em relação às sacolas, a matriz não repassou nada a nós, mas com relação ao meio ambiente, temos as nossas camisas do uniforme, que são confeccionadas com material de garrafas PET”, conta.

 

Embora a adoção de sacolas retornáveis e biodegradáveis venha a ocorrer a médio prazo e envolva pontos que devem ser estudados mais aprofundadamente, como a reeducação das pessoas, constitui uma ação que fará a diferença no futuro das novas gerações.

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