"Existo, logo penso..." Uma reflexão rápida para a semana
Quando estava no colégio, aprendi uma frase famosa do filósofo René Descartes: “Penso, logo existo”. Hoje percebo que o inverso é mais verdadeiro nos dias atuais, a frase deveria ser: “Existo, logo penso”. Vivemos numa época em que pensar demais virou moda. Isso se deve ao fato de sermos bombardeados por trocas de mensagens instantâneas, redes sociais mais virtuais que reais, amores líquidos que começam e terminam num piscar de olhos, além do excesso de informação que nos rodeia por onde quer que a gente vá. Não sei se vocês têm a mesma impressão que eu, mas tudo isso contribuiu muito para que eu me tornasse uma pessoa que pensa demais! A bem da verdade é que sempre me considerei alguém altamente pensativa. Reflito muito sobre cada acontecimento da minha vida, tanto o presente, quanto o passado e principalmente o futuro. Há dias em que chego a ficar mais exausta do que se tivesse praticado 120 abdominais seguidas, dizem mesmo que o cansaço mental é muito mais exaustivo que o físico.
O fato é que pensar demais consome nossas energias, afinal de contas a nossa mente não nos deixa ter um segundo de descanso. E isso acaba interferindo até mesmo no nosso sono. Quem nunca teve problemas com insônia porque o cérebro simplesmente não desliga? Ainda se houvesse um botão que a gente aperta e nossos pensamentos ficassem em stand by, tudo seria mais fácil. Por enquanto desconheço um invento tão magnífico quanto esse. Então, diante da profusão de pensamentos que povoam minha cabeça, o jeito foi tentar encontrar formas de lidar com isso ou amenizar tal problema.
Resolvi iniciar uma leitura na semana passada, tentado controlar minha ansiedade e deixar minha mente aquietar-se para aproveitar os ensinamentos do livro. O escritor Eckhart Tolle, o qual a muito tempo estava com vontade de saber mais a respeito, escreveu o bet-seller O PODER DO AGORA, onde ele explana exatamente este assunto: como conseguir a iluminação espiritual por meio da “mente vazia”, ou seja, como nos livrarmos de todo lixo que consome nossa mente diariamente. Por meio de perguntas e respostas, o autor tenta nos guiar pelo caminho que os grandes mestres já conhecem, o da meditação, da paz de espírito e do foco no presente.
Parar de pensar o tempo todo tornou-se um assunto urgente para mim e para muita gente. As prateleiras das livrarias e os canais do YouTube tentam de todas as formas tratar de um dos piores males deste século. Segundo o psiquiatra brasileiro Augusto Cury, o fato de pensar demais é um distúrbio mental que afeta grande parte da população. Trata-se da SÍNDROME DO PENSAMENTO ACELERADO. Seus principais sintomas são: dificuldade para ficar atento, falta de memória, cansaço excessivo, problemas para pegar no sono, irritabilidade fácil. Tudo isso lhe parece familiar? Para mim é! E dentro da minha mente inquieta, fico pensando sem parar de que forma vou conseguir frear meus pensamentos. Estou entrando num nível tão alto de aceleramento mental que até mesmo ler um livro tornou-se um desafio! Justo eu, que sempre amei a leitura, não estou conseguindo me concentrar para concluir um livro sequer.
Talvez existam soluções bem eficazes para combater esse dilema de pensar sem parar. Certamente os estudiosos de plantão têm muito a contribuir com este assunto. Eu, apesar de leiga, vim fazer meu desabafo pessoal, acreditando que muitos leitores se identificarão com minha angústia. Ao mesmo tempo, proponho tentarmos, juntos, lidar com essa questão que nos incomoda tanto. Aqui vão algumas das coisas que eu procuro fazer, para acalmar minha mente:
- Escrevo, liberando um pouco daquilo que está dentro da minha “caixola” através de textos,
- Respiro fundo e devagar, diversas vezes seguidas,
- Se estou sentada, levanto um pouco, dou uma caminhada, me alongo, vou tomar um copo d’água,
- Coloco uma música calma, que tranquilize meus pensamentos inquietantes,
- Desconecto das redes sociais, desligo a TV,
- Ouço um exercício de meditação no fone de ouvido antes de dormir,
- Dou uma caminhada ao ar livre, tentando entrar em contato com a natureza, seja na praia ou em um parque.
- Ou simplesmente fecho os olhos, ficar quietinha, preferencialmente no escuro, até que a mente pare de tagarelar.
E você? O que lhe ajuda a aquietar a mente? Quem sabe um dia, consigamos voltar a ser menos pensantes compulsivos e passemos a viver com mais tranquilidade? Essas e outras milhares de perguntas estão aqui dentro ainda, mas agora vou dar uma pausa no meu cérebro acelerado, pra continuar lendo meu livro. Até mais!
texto: Pabla Vieira (13/02/2017)