Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Vários pontos do planeta se iluminarão de azul em prol a mais atenção às pessoas com autismo

Em tempo bem recente, até meados do século XX e início do XXI, as famílias sofriam com a falta de conhecimento e amparo quanto ao ‘misterioso’ comportamento psicológico, demonstrado por seus filhos. Sem orientação adequada e diagnóstico preciso, os pais encontravam dificuldade na hora de matriculá-lo no ensino regular, devido a manifestação do Autismo, denominada TEA (Transtorno do Espectro Autista), uma síndrome que afeta o desenvolvimento de três áreas: a comunicação, interação e imaginação. Este transtorno afeta a linguagem, cognição (principalmente a dificuldade na fala) e relacionamento social, onde apresentam repulsa ao contato físico, insensibilidade à dor e algumas reações adversas com alterações no seu meio, normalmente os primeiros sinais surgem até os três anos.

 

O Autismo é mais comum do que se possa imaginar. Segundo Estefânia Borges - vice-presidente da AMA (Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Região Carbonífera de SC) entidade ligada à Escola Especial Meu Mundo, 1 em cada 175 crianças desta região tem alguma manifestação da síndrome, ou seja, 2 mil casos, conforme estimativa baseada em estudos da área. Sendo que no mundo existem 70 milhões de pessoas com autismo, e no Brasil são 2 milhões, de acordo com a OMS ( Organização Mundial da Saúde).

 

A relevância do assunto fez a ONU decretar o dia 2 de abril, como o Dia Internacional de Conscientização do Autismo, objetivando chamar atenção quanto à necessidade do rápido diagnóstico e tratamento adequado, afinal não há cura, e exatamente aí entra o relevante apoio de associações do país inteiro. Em Santa Catarina são apenas cinco cidades que possuem escolas ou associações pela causa, encontradas em Joinville, Florianópolis, Criciúma, Jaraguá do Sul e Lages. A de Criciúma possui três unidades da AMA para atender 90 alunos, atualmente dos 2 aos 47 anos. Quatro pais de Araranguá e dois de Balneário Arroio do Silva levam seus filhos para estudarem na AMA em Criciúma. Eles ainda envolvem as crianças na musicoterapia e equoterapia, como forma de melhorar o desenvolvimento e alcançar autonomia.

 

Outro movimento em prol dos autistas já surtiu efeito. A Lei Berenice Piana nº 12.764 foi sancionada no final do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, que trata dos direitos assegurados ao Autista a partir do mesmo tratamento destinado às pessoas com necessidades especiais, gerando assim mais políticas públicas e atendimento do poder público na saúde, na educação à pessoa com o transtorno. “Até então Autismo não era considerado uma deficiência”, lembra Estefânia ao ressaltar que em Criciúma estes direitos já estavam inseridos na Lei Orgânica do município, desde a reivindicação das entidades. Porém, segundo ela, falta muito para um maior entendimento de todas as camadas sociais. “Estamos evoluindo na consciência, mas é algo muito lento, existe ainda muita generalização sobre o assunto, por isso a importância de exaltar o tema, anualmente”, refletiu.

 

“Fomos ao pediatra e disse não ter encontrado nada de errado com meu filho. Disse que todas as reações eram normais, que meu filho não tinha nada”, este é o relato da paulista Berenice Piana, mãe de Dayan, que assim como tantas mães encontravam carência de informações e compreensão de seus familiares e dos próprios médicos. Foi a luta ao lado de outros pais até aprovar o projeto de lei, colocado seu nome como homenagem. Ela representa milhares de outros pais e mães brasileiras que, direta ou indiretamente, se articulam para oportunizar mais dignidade e qualidade de vida aos seus filhos. E com o respaldo da lei, as entidades e as famílias poderão cobrar do governo a estrutura adequada em sala de aula e a demanda de assistência na saúde à pessoa com autismo.

 

Em Araranguá, bem como no Brasil não há estatísticas concretas da quantidade de autistas, esta é uma cobrança de todas as AMAS. Elas acreditam como também os professores têm colaborado muito com o diagnóstico, que quanto mais cedo terá mais facilidade no tratamento. Todo pai que encontrar as características abordadas no início do texto devem procurar orientação das escolas especiais.

 

Enquanto isso, as AMAs do país e sociedade civil se vestirão de azul para marcar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. São 7 edifícios, por enquanto, iluminados com a cor do autismo, a Ponte Estaiada e o Monumento das Bandeiras em São Paulo; o Cristo Redentor no Rio de Janeiro; o Prédio do Senado, em Brasília; Elevador Lacerda na Bahia; o prédio da Justiça Federal, na Paraíba e a ponte Hercílio Luz em Florianópolis. Algumas lojas de Criciúma, em parceria com a CDL, estarão com suas vitrines em azul.

 

Qualquer pessoa pode participar dessa grande corrente. Coloque uma luz azul na entrada da sua casa, enfeite seu estabelecimento de azul, ponha uma fita azul na antena do seu carro, vista uma camiseta ou roupa azul neste dia, assine seus e-mails com “Light It Up Blue”, coloque o logo de uma peça de quebra cabeça no perfil do seu Facebook, existem diversas maneiras.

 

Texto: Elisa Gabriela Slovinski da Sul Fashion

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