Unesc representa SC em estudo sobre alteração em DNA

Genética na Praça vai coletar mucosa oral de voluntários nesta quarta

A Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma, faz parte de um projeto nacional de estudo de alterações em DNA a partir da análise de células da mucosa oral de seres humanos. Os pesquisadores vão analisar amostras de 120 pessoas e para isso, precisam de voluntários. Nesta quarta-feira (20/4), os profissionais será realizado o “Genética na Praça”, na Praça Nereu Ramos, em Criciúma, das 9 às 12 horas para fazer a coleta de mucosa.

 

A Instituição é a única de Santa Catarina a participar da pesquisa que tem como objetivo demonstrar o nível normal de alterações genéticas na mucosa oral dos brasileiros e com isso, fornecer dados para estudos futuros sobre prevenção de doenças crônicas. A mucosa para análise é retirada de voluntários com idades entre 18 e 60 anos de ambos os sexos, fumantes e não fumantes e sem histórico de doenças crônicas como câncer, diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares.

 

Segundo a pesquisadora do projeto “Determinação da frequência basal de micronúcleos em células da mucosa bucal da população brasileira”, Daniela Leffa, os resultados individuais do estudo serão mantidos em sigilo e divulgados apenas em publicações científicas como parte de um número total. Após a publicação da pesquisa, cada voluntário terá acesso ao resultado da análise do seu material. “Os participantes da pesquisa respondem a um questionário sobre seus hábitos de vida, a alimentação que consomem e aspectos de sua saúde. As respostas serão relacionadas aos resultados da análise celular”, explica.

 

A pesquisa é inédita no Brasil e tem o apoio da Mutagen (Associação Brasileira de Mutagênese e Genômica Ambiental). Além das pesquisadoras da Unesc que representam Santa Catarina, pesquisadores do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Pará também participam do estudo. Em Santa Catarina as amostras revelarão o perfil da população da região Sul. Na Unesc, o trabalho é desenvolvido pelo Grupo de Genética Toxicológica do Labim (Laboratório de Biologia Celular e Molecular), vinculado ao PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde).  

 

Diferenças regionais aparentes

A professora doutora da Unesc e pesquisadora Vanessa Moraes de Andrade, explica que a ideia de realizar o estudo em nível nacional partiu do fato de o Brasil ser um país de dimensões continentais e grande diversidade étnica. “O Brasil é enorme e muito miscigenado, com isso as variações genéticas acabam sendo grandes também. Todos nós sofremos um número mínimo de mutações diariamente. O simples fato de respirarmos já gera alguns radicais livres que causam danos em várias moléculas, incluindo o DNA”, comenta Vanessa.

 

Mas, segundo a pesquisadora, as mutações ocorrem também por fatores externos. “Os hábitos de vida, as atividades de trabalho realizadas, a prática ou não de atividade física, tudo isso pode influenciar nessa mutações e na forma como elas são corrigidas pelo nosso organismo. Cada região do país tem fatores ambientais e até mesmo culturais que podem influenciar essas alterações no DNA. E isso tudo será analisado na pesquisa. Será que os danos encontrados no Sul do Brasil serão os mesmos que os da região Norte, por exemplo?”, complementa.

 

A pesquisa começou a ser desenvolvida em 2015 e segundo a professora doutora da Unesc e pesquisadora Paula Rohr, segue padrões internacionais de coleta e análise. Ela explica que duas mil células presentes na mucosa oral de cada participante serão analisadas e os resultados podem revelar lesões pré-câncer e a pré-disposição a doenças crônicas como o diabetes e as cardiovasculares. “Essa mesma pesquisa já é feita há anos com sangue, mas o estudo se torna, além de mais dispendioso, mais invasivo, e por isso, com menos voluntários. A mucosa oral é uma alternativa que facilita a coleta e gera resultados bem próximos aos da análise dos linfócitos”, conta Paula.

 

Informações: Milena Nandi / Assessoria de Imprensa Unesc

Veja também